quarta-feira, julho 02, 2014

Pesquisadores da Universidade de Brasília desenvolvem fita que detecta formol em leite

Aparato criado em empresa incubada também pode ser utilizado em outros produtos

 
As fiscalizações na cadeia do leite e em outros produtos de origem animal são constantes, mas alguns produtos conseguem chegar às casas dos consumidores brasileiros 
Expointer 2012/Creative Commons/UnB Agência

Diante de recentes denúncias relativas à adulteração do leite com substâncias como ureia, soda cáustica, água oxigenada e cal virgem, os pesquisadores da Universidade de Brasília, Paulo Anselmo Ziani Suarez e Guilherme Bandeira Cândido Martins, desenvolveram uma tecnologia que permite ao cidadão comum realizar uma análise do produto antes de consumí-lo. 

A Macofren Tecnologias Químicas, empresa incubada no CDT/UnB (Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília), licenciou uma tecnologia de forma não exclusiva para comercialização do produto. Trata-se da FITA ZER0-F, que detecta de modo rápido e fácil a presença de formol no leite, produtos de beleza e higiene, entre outros.  

Basta colocar a fita em contato com o produto que vai indicar a presença ou não de substâncias por meio de uma reação química. Na presença de formol é gerada uma cor violeta intensa, que varia de acordo com a concentração da substância na amostra.
Uma ação conjunta entre Ministério da Agricultura, Ministério Público do Rio Grande do Sul, Polícia Federal e Poder Judiciário confiscou milhões de litros de leite contaminado no país. A chamada Operação Leite Compensado durou 12 meses.

No decorrer de 2013, a apuração do MP do Rio Grande do Sul não revelou apenas que transportadores e comercializadores de leite estavam adulterando a bebida no Estado, mas também que a prática é nacional. Em maio deste ano, a LBR precisou fazer um recall de caixinhas de duas importantes marcas, depois de identificar que aproximadamente 300 mil litros de leite estavam contaminados com formol. Os lotes, fabricados no Rio Grande do Sul, teriam sido vendidos aos Estados de São Paulo e Paraná.

Adulteração

A Operação Leite Compensado teve sua primeira fase desencadeada em 8 de maio do ano passado. As investigações apontaram para um esquema que adulterou cerca de 100 milhões de litros do produto no estado.
Na ocasião, o MP revelou que transportadores estavam adicionando água e ureia (que contém formol) ao leite cru para aumentar o volume e disfarçar a perda nutricional no caminho entre a propriedade rural e a indústria. O esquema era realizado em postos de resfriamento.

Vinte e seis pessoas foram denunciadas, sendo que 13 foram presas e quatro estão em liberdade provisória. Os processos na cidade gaúcha de Ibirubá foram os únicos já concluídos em primeira instância, e seis pessoas tiveram suas sentenças decretadas – uma delas chegou a ser condenada a 18 anos e seis meses de cadeia em regime fechado.

Fonte: Portal R7

quinta-feira, maio 29, 2014

Habilitação de Entidades para o Programa Minha Casa, Minha Vida




Encontra-se aberto, até o dia 6 de junho próximo, o processo de habilitação junto ao Ministério das Cidades, de entidades privadas sem fins lucrativos, com a finalidade de apresentação de propostas e contratação de projetos habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Informações mais detalhadas poderão ser obtidas em http://www.cidades.gov.br/index.php/home/5645-ministerio-das-cidades-publica-manual-de-instrucoes-para-habilitacao-de-entidades-privadas-sem-fins-lucrativos.html.

Fonte: Ministério das Cidades

terça-feira, maio 27, 2014

Parque Estadual da Serra do Mar protegeu ambiente, mas causou polêmica entre moradores



Pesquisa conduzida pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp investigou as memórias ambientais dos moradores do Litoral Norte paulista (Wikipedia)

Por José Tadeu Arantes

Com área superior a 3 mil quilômetros quadrados (km²), o Parque Estadual da Serra do Mar protege uma preciosa porção da Mata Atlântica.
 
Criado em 1977 e declarado patrimônio em 1985, o parque impediu que importantes recursos naturais fossem espoliados pela especulação imobiliária que se seguiu à construção da rodovia Rio-Santos (BR-101) e até hoje atinge fortemente a região. Para os antigos moradores da área, no entanto, a memória da instalação do parque nem sempre tem conotações positivas.

“Houve uma grande desapropriação de terras, que englobou, apenas no município de Ubatuba, por exemplo, cerca de 80% do território”, explicou Aline Vieira de Carvalho, professora dos programas de pós-graduação em História e em Ambiente e Sociedade da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp (Nepam).

De acordo com a pesquisadora, o impacto da criação do parque foi percebido de diferentes maneiras pelos moradores da região. “Alguns compreenderam que ele seria fundamental para a preservação do meio ambiente naquele espaço; mas outros se opuseram à sua existência, pois se sentiram drasticamente afastados de seus modos tradicionais de vida”.

Essa foi uma das conclusões da pesquisa “Memórias ambientais e rodovia Rio-Santos: patrimônio e fontes orais no litoral Norte de São Paulo”, conduzida por Carvalho com apoio da FAPESP. “Ficou claro que as questões patrimoniais não podem ser abordadas de forma simplista nem com decisões tomadas de cima para baixo”, afirmou a pesquisadora.

Carvalho enfatiza que a criação do parque foi muito positiva, como contraponto ao impacto causado pela construção da rodovia Rio-Santos e à especulação imobiliária que se seguiu.

“Foi uma iniciativa pioneira do Condephaat [Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo] e uma grande conquista. Porém, sua implantação é até hoje narrada como não tendo contemplado os interesses dos moradores locais, porque a concepção prevalecente era a de um parque sem seres humanos”, disse.

“Infelizmente, a partir dos dados da pesquisa, que trabalhou com uma rede de patrimônios materiais instalados na região do Litoral Norte de São Paulo, podemos dizer que temos optado, de maneira geral, por concepções patrimoniais que separam o ser humano da natureza”, afirmou Carvalho.

Segundo ela, há uma tradição no país de se pensar o patrimônio ora como apenas cultural ora como apenas ambiental. “Percebemos que tanto os discursos institucionais quanto as narrativas dos moradores consideram ‘patrimônio natural’ e ‘patrimônio cultural’ como coisas desconexas, sem levar em conta que as categorias ‘natureza’ e ‘ser humano’ não podem ser pensadas como realidades independentes”, ressaltou a pesquisadora.

Essa visão influencia fortemente o comportamento cotidiano, atuando como um fator de reprodução do uso desprecavido dos recursos naturais. “Por isso a memória ambiental é tão importante”, disse.

“Memória ambiental” foi exatamente o conceito que nucleou a pesquisa. “Ela é formada por narrativas acerca das relações entre os seres humanos e a natureza”, definiu Carvalho. “A memória de tais relações configura um referencial simbólico para nossas negociações cotidianas com o meio ambiente.”

É importante levar em conta que tais “memórias” são constituídas não apenas pelas lembranças das experiências vividas, mas também por tudo aquilo que é aprendido de diferentes maneiras, desde os relatos bíblicos sobre as relações entre o homem e a natureza até narrativas atuais veiculadas pelas empresas da mídia e do entretenimento.

“A hipótese que adotamos na pesquisa foi a de que o patrimônio define um eixo aglutinador dessas memórias. Nossa proposta, então, foi investigar as memórias ambientais vigentes no Litoral Norte do Estado de São Paulo tendo como referência os patrimônios existentes na região”, informou Carvalho. “Estávamos interessados tanto nos discursos oficiais e institucionais como naqueles que eram produzidos por moradores da região”.

Concepções de patrimônio

Carvalho afirmou que o grupo começou a entrevistar os moradores com o pressuposto de que a rodovia Rio-Santos, construída durante o regime militar, teria modificado a percepção do homem em relação ao contexto natural. “Conforme a pesquisa avançou, percebemos que, sim, a Rio-Santos havia mudado a percepção das pessoas, mas existiam também outros fatores, que não consideramos inicialmente”, disse.

Em ordem cronológica, esses fatores foram: a implantação da balsa São Sebastião-Ilhabela (1958); a catástrofe de Caraguatatuba, com numerosas vítimas, em decorrência de chuvas torrenciais e deslizamentos de terras (1967); a instalação do terminal da Petrobras em São Sebastião (1971); a criação do Parque Estadual da Serra do Mar (1977); e a duplicação da rodovia Tamoios (em andamento desde a década de 1970).

Como seria de esperar, tais fatores foram mencionados com ênfases variadas nos diferentes municípios. Assim, a criação do Parque Estadual da Serra do Mar, fortemente percebida pelos moradores de Ubatuba, quase não foi citada pelos de São Sebastião e Ilhabela, que focaram suas narrativas na instalação do terminal da Petrobras.

“Esses viram a instalação do terminal como algo que impactou a natureza, desconectou os espaços urbanos e mudou o panorama da cidade. Não era objeto da pesquisa saber se a chegada da Petrobras realmente causou esses efeitos. Mas, sim, detectar como essa chegada ficou registrada na memória. Isto é, como as pessoas a narraram para si mesmas”, afirmou a pesquisadora.

A ressalva é importante porque ajuda a precisar o objeto da pesquisa, que, tomando apenas como parâmetros os fatos objetivos, centrou seu foco investigativo na subjetividade. E favorece também o entendimento de como os mesmos fatos foram interpretados de diferentes maneiras de acordo com a inserção social dos entrevistados.

Assim, os antigos moradores da área desocupada para a criação do Parque Estadual da Serra do Mar compuseram uma narrativa desfavorável não pelo fato de o meio ambiente ter sido protegido. Ao contrário, pois o meio ambiente era a fonte de sustentação de seu antigo modo de vida. Mas por causa da forma como ocorreu a implementação do patrimônio e por alguns aspectos de sua gestão, explicou a pesquisadora.

“Vale acrescentar que muitas coisas mudaram em relação a esse cenário inicial, pois a criação do parque foi efetivada durante a ditadura militar brasileira, o que marcava uma gestão bastante específica e autoritária da coisa pública.”
“Já os representantes do setor imobiliário apresentaram um discurso totalmente diferente”, relatou Carvalho. “Neste caso, o parque foi considerado um empecilho por fugir da lógica capitalista de exploração do território, preservando uma área que, de outra maneira, teria sido destinada à construção de novos condomínios e outras formas de obtenção de lucro”.

Segundo a pesquisadora, o viés ideológico penetra também o discurso oficial, inclusive o amparado por critérios científicos. “É o caso da própria definição de patrimônio”, exemplificou.

“As definições oficiais sobrevalorizam as grandes construções físicas relacionadas a personagens ilustres ou a um suposto passado glorioso da região e subvalorizam expressões culturais das comunidades locais. No extenso rol de patrimônios do Litoral Norte paulista, a maioria esmagadora dos sítios é composta por igrejas e casarões senhoriais. Aldeias indígenas e remanescentes de quilombos não fazem parte da lista”, disse.

Uma recomendação resultante da pesquisa é a de que as pessoas relacionadas com determinados patrimônios ou sítios arqueológicos não sejam excluídas dos processos decisórios sobre essas áreas.

O grupo também defende uma abordagem mais complexa das relações entre cultura e natureza nas definições patrimoniais. “O patrimônio é uma poderosa narrativa, fluida e complexa, que pode estar cotidianamente ligado à vida das pessoas que se relacionam com ele”, disse Carvalho, ressaltando que ele pode ser compreendido como uma chave para mudanças e permanências culturais.

“Existe hoje, no meio acadêmico e científico, um grande debate sobre os graves conflitos existentes em áreas de preservação. Nossa proposta é a de que a definição e gestão de um patrimônio levem em conta as necessidades e opiniões das pessoas que vivem cotidianamente nesses locais. Se o processo decisório não se apoiar em um debate democrático, o patrimônio será sempre visto por essas pessoas como um problema, um empecilho. E não haverá qualquer empenho em protegê-lo ou em interagir com o processo de gestão patrimonial”, concluiu Carvalho. 

 Fonte: Agência FAPESP

quarta-feira, maio 14, 2014

2ª Jornada INDE/ACADEMIA - Brasília, DF

Evento busca a modernização da geoinformação



A Secretaria  de Planejamento e Investimento do Ministério do Planejamento - SPI/MP, por meio de seu órgão colegiado, a Comissão Nacional de Cartografia - Concar, realizará a segunda edição da Jornada Inde/Academia, um evento que busca ampliar a cooperação entre academia, gestores de políticas públicas e a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais - Inde. Na ocasião, acontecerá ainda a 4ª reunião do Fórum Intergovernamental de gestores da geoinformação, na qual serão identificados subsídios para a Política Nacional de Geoinformação - PNGeo, aproximando a cartografia da tecnologia e assim, modernizando a geoinformação no páis, já que o Decreto-lei que trata sobre o assunto data do ano de 1967.

A Inde é uma plataforma de referência para dados geoespaciais, desenvolvida para atuar como elemento integrador de uma política descentralizada de produção de dados geoespaciais. Além disso, fortalece a transparência pela avaliação social no que diz respeito, às ações do governo, às políticas, aos indicadores socioeconômicos e ambientais e aos empreendimentos públicos. A Inde também otimiza recursos públicos, quando evita a duplicação de esforços na aquisição de dados geoespaciais, como imagens de satélites, e permite redução dos custos transacionais na aquisição de informações territorializadas pelos órgãos da administração pública. Os dados da Inde são subsídios importantes para a elaboração de diagnósticos e para o planejamento de políticas públicas.

A 2ª Jornada Inde/Academia será realizado na Escola de Administração Fazendária - ESAF, em Brasília, nos dias 27 e 28 de maio. A programação está disponível e as inscrições são gratuitas.

As informações sobre a primeira versão do evento, realizada em 2012, podem ser consultadas.

Mais informações pelo email jornadainde@planjemanto.gov.br ou pelo telefone (61) 2020-4337.


Fonte: SPI/MP